Entrevista
Diário da Tarde

(Entrevista com o escultor Franz Weissmann por ocasião da obtenção do 2o premio de escultura na 3ª Bienal de Arte em S. Paulo)
 


Estrutura No 1 (prêmio aquisição III Bienal SP) - 1954

Franz Weissmann há vários anos radicado em Belo Horizonte, aqui tendo constituído sua família, uma figura bem conhecida nos meios artísticos do pais. Na capital, manteve, durante algum tempo, um curso sobre escultura anexa à Escola de Belas Artes de Belo Horizonte tendo iniciado diversos jovens nesse setor das artes plásticas.

Os críticos, ao comentar seus trabalhos, dizem que estão enquadrados dentro da tendência atual da arte denominada concretismo. Poderia nos dar alguns esclarecimentos sobre este rumo tomado pelas artes plásticas?

“- Concretismo, a meu ver, é a superação da arte dita abstrata. O abstrato parte sempre de um determinado objeto, ou série de objetos, que são despojados de sua individualidade e transportados ao mundo plástico em formas e cores. Não se esgota aqui, porém, a conceituação do que é abstrato, no terreno artístico, porque seu sentido é muito amplo e, por isso mesmo, se torna difícil precisar a sua significação numa rápida entrevista. Do mesmo mal, padece o que denominamos figurativismo e tudo o mais terminado em <ismo>.
O concretismo, em resumo, tem como ponto de partida a idéia e a sua objetivação na obra de arte. É, vamos dizer, a visualização artística de uma idéia. 0 concretismo é uma evolução lógica da arte e conseqüentemente, uma reação contra o abstracionismo e o figurativismo.

Essas denominações, em última análise, nada acrescentam à obra de arte. No fundo, o que existe é a reação do homem contra a natureza; reação que se objetivlsa, com maior evidencia, na obra artística. Toda expressão artística é uma manifestação anti-natural. Não visa a obra de arte a copiar, interpretar ou melhorar a natureza, e sim criar algo contrario, a ela.”

Finalmente, uma última pergunta: quais os seus planos para o futuro?

“Procurar um lugar onde possa trabalhar e sobreviver. Não tenho preferência por centros maiores como Rio e São Paulo. Minha intenção seria ficar em Minas, porém, vejo que há muito poucas possibilidades para a concretização desse desejo”.
 

Diário da Tarde, Belo Horizonte, 1955