GRUPOFRENTE
Mário Pedrosa
A idéia de "grupo" é, em nossos dias, uma idéia
suspeita. Sobretudo em um país como o nosso, de individualistas
amorfos quando não de energúmenos sempre prontos a deixar-se
mobilizar pelo primeiro camelo que aparece. Principalmente quando o
camelo usa vestes berrantes, ou vende as virtudes miríficas da
propaganda política. Pois foi dentro desse nosso meio, cético e
superficial ou de crendices ainda superficiais, que apareceu, e hoje
se mantém, o grupo Frente.
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O
'Flautista' |
'Dois cubos virtuais' |
Diferentemente da maioria dos outros do grupo, com Franz Weissmann a
experiência não aparece quase nunca livremente, como um jogo. Ou
melhor, ela só aparece, em profundidade, com a obra, fruto de madura
reflexão. As experiências nele se sucedem como as horas do dia; a
realização, entretanto, é uma só entre as muitas, as muitas horas do
dia e da noite que consome experimentando, que consome em vivências.
Isso não quer dizer que, em meio aos seus esforços de apreender o
espaço, articulando-o com a linha ou o plano em triedros,
tetraedros, poliedros, uma experiência de momento não se cristalize,
como uma espécie de intermezzo barroco, num tocador de flauta, por
exemplo. Weissmann adora o arame, o fio de aço, se entretém
prazerosamente com o alumínio, em vergão ou em folha, com o metal
amarelo e outros materiais que ele vai buscar em plena utilização
prática, nas oficinas mecânicas.
(...)
Está feita a apresentação do grupo Frente, que agora, graças à boa
iniciativa da direção do Museu de Arte Moderna, atinge o grande
público, através da mostra que ora se inaugura. (...)
Rio, junho de 1955.
Segunda Mostra Coletiva, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
©Mario Pedrosa