Fitas - Texto de: Frederico Morais
(...) O vazio e a sombra (virtualidades contrapostas: o não-ser e o
duplo), a repetição (estrutura modular), a permutação, o corte, a dobra
e a torção estão entre os elementos que compõem a poética weissmanniana.
De todos esses elementos, o mais fundamental parece ser a torção, que
está presente ao longo de quase toda a sua criação, apesar de nem sempre
percebida. (...)
Fita vermelha
A Grande fita vermelha, de 1985, multiplica o número de torções, isto
é, de pontos de tensão, marcando o ritmo dinâmico da peça. A escultura
rasteja, serpenteia e dança, surpreendendo com suas bruscas mudanças
de percurso, pedindo ao espectador que também circule em torno dela,
que faça festa. Ou fita. Sabe-se que Calder teve a idéia de seus móbiles
vendo os quadros de Mondrian. Na base da obra de ambos está a linha
reta (em Calder é o fio de prumo). Calder percebera que a reta não é
senão a curva colocada em sua tensão máxima. A Grande fita vermelha
faz lembrar uma estrutura sanfonada que pode ser alongada ou reduzida
conforme a maior ou menor pressão das mãos. Na sua origem, portanto,
é apenas uma reta, que a partir de uma sucessão ritmada de dobras-torções
quase se faz curva: Bernini serpenteado na grama. Mais à frente, a torção
desarticula o cubo, de um faz dois (cubos virtuais): xifópagos.
A usina criativa de Franz Weissmann - Frederico Morais - Revista Piracema -1994
|
|
Copyright © Franz Weissmann
O conteúdo destas páginas é exclusivamente para uso informativo ou educacional.
A reprodução de textos e/ou imagens deverá respeitar os direitos autorais previstos
na lei bem como a autorização de seus autores.